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domingo, 11 de setembro de 2011

Razões

Sexta-feira dia 09 de setembro.

Eu abandonei a terapia e os medicamentos a algum tempo; mas hoje nem sei porque motivo me lembrei de um diálogo que tive  com a psicóloga com quem fazia terapia.
Na ocasião ela me contava o caso de uma mulher que após o casamento da filha, ao se ver só com o marido entrou em depressão profunda.
Segundo a terapeuta isso ocorreu devido ao fato da mulher em questão não suportar a "perda" da filha. Nesse caso a filha era a razão da existência dela.   
Naquele momento não percebi a conexão que essa história tinha a ver com minha vida, agora percebo o que ela quis me dizer, qual era a mensagem.

Depois de passar a maior parte de minha vida ocupada em cuidar de outras pessoas, fico meio perdida agora  que posso me ocupar apenas de mim.
Fica uma sensação de vazio, passo horas e horas tentando entender e me encaixar nessa nova realidade.

Aos poucos algumas respostas vão se revelando, num post anterior eu perguntava "por que ele", ele é o homem por quem meu coração bate mais forte e aquele que me desprezou.
Porque ele, porque eu haveria me interessado justamente por essa pessoa, acho que agora eu sei o motivo. É essa necessidade, da qual não me libertei ainda, de precisar ter alguém para cuidar, eu acreditei que poderia fazer isso, e que ele precisava de alguém para isso. Ele passava por um momento difícil, aliado a uma amizade que nascia num momento que eu me encontrava totalmente vulnerável resultou nesse sentimento inexplicável que me acompanha ainda hoje.

Nunca poderia ter dado certo, como não deu. Motivos errados, hora errada.

O que importa agora é trabalhar em cima dessa descoberta, vencer mais esse obstáculo me livrar dessa necessidade de ter que ter alguém , o que não vai ser nada fácil, romper laços que foram consolidados por tanto tempo.

Acho que isso começou na infância, desde muito pequena já ouvia meu pai dizer que eu tinha que tomar conta dos meus irmãos menores, minha infância foi assim, onde ia tinha que estar acompanhada pelos meus três irmãos,  cresci cuidando deles, olhando por eles.
Depois do casamento essa tarefa foi redistribuida , havia agora o marido e com a perda precoce do meu pai veio também a preocupação com a situação da minha mãe, mas essa responsabilidade foi dividida com meus irmãos,  depois vieram os filhos.

Então passei a viver única e exclusivamente para a família. Assim foi por mais de vinte anos. Enquanto para mim era uma maneira de conciliar em harmonia a vida das pessoas com quem convivia, organizando a agenda de todos, procurando de alguma forma suprir todas as necessidades da família. Vivia pela família e para a família.
Mas não era assim que os outros viam as coisas, as pessoas só viam uma pessoa que fazia o que queria, enfim todos sempre acharam que era a minha vontade que prevalecia, que tudo o que fazia era porque eu queria assim. Acho que isso acontece o tempo todo com muitas mulheres.
Alguns chegam a nos ver como pessoas egoístas, mas quem passou por isso sabe como é difícil abrir mão da sua vida para o bem estar dos outros. agora vejo que não deveria ter agindo assim.
Já mudei muito, primeiro me separei, depois passei a me afastar da vida dos meus filhos. Agora deixo que eles decidam o que é melhor para eles, mas o resultado dessas mudanças é que a família se desagregou.
Essa é também uma das culpas que vou ter que carregar.

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