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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Ano Novo

Yasmim conseguiu o que queria, mas agora mais do que antes sabe que é preciso cuidado com o que se deseja.
Estar na virada do ano na praia é o que mais gosta de fazer nesta data, mas o desejo de poder estar ao lado da pessoa que ama era ainda maior, por mais que relutasse, esse desejo não saia da sua mente. E como que por encanto as coisas aconteceram, o ano novo com as amigas na praia iria contar com a presença dele e de outros amigos também.
Ela quase não acreditou quando soube, foi pura euforia, mas a alegria durou muito pouco.
Pouco antes da virada do ano, um acontecimento estragou a festa antes mesmo dela começar, um desentendimento com o filho, causou uma briga muito séria, que lhe deixou muito ferida. Eles não costumam brigar, muito menos assim, o filho se exaltou gritou com ela e lhe disse coisas horríveis, e tudo por um motivo tão fútil, coisa de pessoas imaturas mas as palavras ditas deixam marcas e nesse caso foi muito profundo e doloroso ouvir aquelas palavras vindo de um filho, de alguém que sempre recebeu tanto amor e tanto carinho.
Havia passado o dia fazendo uma roupa nova só para essa ocasião, algo que sempre gostou de fazer, estava bem animada para a festa de logo mais na praia, até a ocasião do encontro com o filho, mesmo ele se desculpando antes de ir embora, já não havia mais a mesma empolgação para a festa, na verdade bateu uma vontade louca de não sair e ficar em casa, tamanha a dor e decepção.
Mesmo assim com o coração em pedaços, tentou se recompor e tentar fazer da  passagem de ano, algo alegre e divertido.
Foi ao encontro dos amigos com quem iria passar a virada do ano. Ele demorou um pouco mas apareceu, a esperança que isso pudesse tornar sua noite um pouco mais feliz era grande, mas ela se enganou mais uma vez, ele nada tem a oferecer a ela, nem mesmo amizade, foi difícil encarar a realidade de que ele não consegue nem ao menos falar-lhe com naturalidade, ver que ele passou a noite toda lhe evitando. Foi como ver o chão se abrir aos seus pés, um desejo de não estar ali, de não pertencer aquele lugar, aquelas pessoas.
Isso aliás tem sido muito comum, essa sensação de não pertencer a certos lugares ou a quase todos os lugares, de  não se encaixar mais nesse mundo.
Isso durou até o nascer do Sol quando voltaram para casa, não por acaso, mas pelo fato de morarem perto foi ele quem lhe deu carona para a volta, o que fez a dor aumentar ainda mais.
Foi a conta de entrar em casa e Yasmim não mais se conteve, não dormiu, passou o primeiro dia do ano em prantos, não saiu de casa.
Agora passado alguns dias ela ainda não se recuperou totalmente, talvez nunca o faça, mas sente que precisa ficar mais contida em casa, não quer vê-lo, não por enquanto. É muito doloroso constatar que ela nada significa para ele, nada mesmo, mesmo que as pessoas digam o contrário, mesmo que as intenções dele sejam as melhores, dele ela só recebe desprezo e isso dói demais, e pensar que por esse homem ela seria capaz de mover céus e montanhas, um amor que não se mede que tudo enfrentaria se fosse preciso, mas que nunca vai ser nada além do que é hoje, um amor impossível, platônico, sem chance alguma de ser correspondido.
Com o filho as coisas melhoraram, parece que a discussão o fez refletir, o que é um bom sinal, pelo menos algo de bom nasceu desse momento de dor.


Por quê ?

Por que ainda dói tanto, já se passou tanto tempo, mas o sentimento permanece, a dor machuca, uma ferida que não quer cicatrizar.
Queria entender o que ainda falta entender para poder seguir adiante.